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ARTIGO DE OPINIÃO: É HORA DE BARRAR OS ATAQUES DA EXTREMA DIREITA NO BRASIL E EM SANTA CATARINA

  • atendimentopsol
  • 29 de ago.
  • 9 min de leitura

Há uma ofensiva do fascismo internacional contra o Brasil, cujo objetivo central é manipular as eleições de 2026. Não nos enganemos: há um processo golpista em andamento, articulado pela maior potência mundial em conluio com a família Bolsonaro. A meta é clara: desestabilizar o país, interferir no Judiciário, fragilizar a economia e impulsionar a extrema direita.


Donald Trump atua para impedir a reeleição de Lula, sabotando ativamente o governo brasileiro. No entanto, a postura firme e altiva de Lula diante desse ataque à soberania nacional fortaleceu sua liderança, tanto no cenário interno quanto no internacional. A maioria do povo brasileiro rejeita o complô liderado por Trump, e o recuo parcial dos Estados Unidos nas tarifas representa uma vitória tática importante para o Brasil. O conflito, porém, está longe de terminar, como evidencia a aplicação da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes.


Os movimentos do tabuleiro do Imperialismo e da extrema direita


O imperialismo norte-americano está hoje em plena sintonia com o avanço do fascismo na América Latina e no mundo, tendo Trump como liderança global da extrema direita. O eixo central da estratégia geopolítica dos EUA é conter a ascensão da China, assegurando sua supremacia pela via da força imperial. Para essa tarefa, o fascismo se mostra funcional. O chamado “tarifaço” global não é apenas uma ferramenta de guerra comercial, mas sobretudo uma arma política e econômica para impor os interesses de Washington sobre o restante do planeta. Nas última semanas, a União Europeia e o Japão se curvaram, de forma humilhante, à chantagem americana.


As lideranças da extrema direita atuam, em cada país, como representantes diretos dos interesses de Washington. Na Argentina, Milei age como subalterno de Trump; no Brasil, o bolsonarismo desempenha o papel de lacaio, conspirando contra a própria nação e traindo a pátria. O ataque concentrado contra o Brasil, principal país da região, revela a estratégia de Trump: transformar novamente a América Latina em “quintal” dos EUA, impondo um domínio político absoluto, saqueando nossas riquezas naturais — como as terras raras — e aprofundando a exploração dos povos.


É hora de defender a soberania nacional


O Brasil vive um momento decisivo de sua história. A prioridade absoluta é defender a soberania nacional diante da conspiração imperialista e fascista. Para isso, duas armas são fundamentais: a unidade ampla e a mobilização popular.


A unidade significa construir, sob a liderança do presidente Lula, o mais vasto arco de alianças entre forças políticas e sociais que rejeitam a agressão de Trump. Já a mobilização popular exige que a esquerda coloque em movimento trabalhadores e juventude, nas ruas e nas redes, conectando a defesa da soberania às lutas concretas do povo — como o fim da escala 6×1 e a taxação dos super-ricos.


Outro elemento essencial é a unidade latino-americana. Brasil, México, Colômbia, Uruguai, Chile, Bolívia, Venezuela e outros países da região precisam falar em uma só voz contra a truculência e os desmandos de Donald Trump. Lula tem condições de liderar essa articulação internacional antifascista e anti-imperialista, fortalecendo o protagonismo do Brasil e da América Latina no cenário mundial.


Instituições, elites e o desafio da soberania


Às vésperas do julgamento de Bolsonaro e demais líderes golpistas no STF, torna-se crucial a defesa do Tribunal e, em especial, do Ministro Alexandre de Moraes, diante dos ataques do governo norte-americano. A tentativa de desacreditar e interferir na Justiça brasileira é peça central no plano golpista articulado por Trump em aliança com a família Bolsonaro.


As elites econômicas brasileiras mostram-se divididas frente à ofensiva imperialista. A fração liberal da burguesia, expressa pela grande mídia, condena a ingerência estrangeira, mas pressiona Lula a adotar um tom mais conciliador na relação com Trump e rejeita qualquer apelo à mobilização popular.


Já o setor da classe dominante ligado à extrema direita — em especial o agronegócio — responsabiliza o governo federal pelas tarifas, defende a saída do Brasil do BRICS e apoia abertamente as sanções e ataques dos EUA contra o STF e Alexandre de Moraes. Governadores como Tarcísio de Freitas, Romeu Zema, Ratinho Júnior e Ronaldo Caiado ecoam essa narrativa, atuando como verdadeira “quinta coluna” a serviço do golpismo de Trump.

No Congresso, a postura dos presidentes Hugo Motta e Davi Alcolumbre é marcada por uma vergonhosa passividade diante desse ataque histórico ao país. É inaceitável que Eduardo Bolsonaro, conspirador declarado contra o Brasil e seu povo, siga mantendo seu mandato de deputado federal. É hora de pressionar o Centrão a definir seu lado: ou defende a soberania nacional ao lado de Lula, ou se junta à família Bolsonaro no campo da traição à pátria.


Santa Catarina: a linha de frente do golpismo bolsonarista


Em Santa Catarina, a velha política tradicional e o bolsonarismo atuam lado a lado contra o Governo Lula e contra as instituições democráticas. A prova mais recente foi a postura dos três senadores catarinenses — Ivete da Silveira (MDB), Jorge Seif (PL) e Esperidião Amin (PP) — que assinaram o pedido de impeachment do Ministro Alexandre de Moraes, alinhando-se diretamente à ofensiva golpista de Trump e Bolsonaro.


Na Câmara dos Deputados, o cenário não é diferente. Parlamentares como Júlia Zanatta (PL), Daniel Freitas (PL), Carolina de Toni (PL) e Zé Trovão (PL) protagonizaram episódios lamentáveis ao tumultuar a abertura de sessão, impedindo o funcionamento da Mesa Diretora. A intenção é clara: paralisar o Parlamento e criar um ambiente de instabilidade para enfraquecer o governo federal e desmoralizar o Supremo Tribunal Federal.

Esses políticos catarinenses assumem, assim, o papel de principais agentes da traição à soberania nacional, colocando-se a serviço de interesses estrangeiros e da extrema direita internacional. Santa Catarina, infelizmente, tornou-se um dos epicentros do golpismo no país — e a resposta precisa ser a resistência democrática, a mobilização popular e a defesa intransigente da soberania brasileira.


A disputa pela paternidade do bolsonarismo em Santa Catarina


Em Santa Catarina, a política vive uma disputa peculiar: uma polarização interburguesa em torno da herança do bolsonarismo. Dois setores competem não apenas pelo controle da política estadual, mas também pelo título de “herdeiros oficiais” de Bolsonaro. De um lado está o governador Jorginho Mello (PL); de outro, o prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD). Ambos se apresentam em pré-campanha, buscando ocupar o palanque ao lado de Bolsonaro e disputar a medalha de “bolsonarista raiz”.


Essa rivalidade já se expressa na Assembleia Legislativa (ALESC), dividida entre os blocos do PL e do PSD. As movimentações nas comissões e o isolamento político de Jorginho Mello, conduzido pelo presidente da ALESC, Julio Garcia (PSD), são reflexos diretos dessa disputa. Enquanto Jorginho aposta suas fichas na reeleição, o PSD acelera sua pré-campanha com a chapa João Rodrigues e Clésio Salvaro, que tenta consolidar apoio em todo o estado.


Jorginho Mello já conta com o apoio do MDB e busca construir um arco de alianças com o Progressistas e o NOVO. No caso do partido NOVO, há a possibilidade de buscar uma barganha ou moeda de troca, exigindo a vaga no Senado e protagonismo político em Joinville. Já o PSDB enfrenta uma grande crise a nível nacional: o insucesso da fusão com o Podemos e a ruptura da federação com o Cidadania. Essa crise reflete-se em Santa Catarina com a migração de quadros para o PSD. Existe um movimento do prefeito de Florianópolis, Topázio (PSD), com o governador Jorginho Mello (PL), para que os dois partidos estejam unidos em 2026. No entanto, essa articulação não agrada a João Rodrigues (PSD) e a Clésio Salvaro (PSD).


Mas os embates não param por aí. A corrida pelo Senado em 2026 promete acirrar ainda mais as tensões, colocando a burguesia catarinense frente a frente com a própria família Bolsonaro, que pretende lançar Carlos Bolsonaro para a vaga. Essa manobra gerou descontentamento dentro do PL catarinense e até mesmo um posicionamento crítico da FIESC, que repudiou a pré-candidatura de Carlos. Em outras palavras, a família Bolsonaro tenta transformar a política catarinense em um curral eleitoral particular.


Nos municípios, a direita catarinense promove um perigoso discurso de ódio e higienismo social contra a população em situação de rua e migrantes vindos do Norte e Nordeste do Brasil. Esse comportamento, que combina preconceito de classe, racismo e xenofobia, foi expresso recentemente pelo vereador de Joinville que chegou a chamar os nortistas e nordestinos de “lixo”. Esse episódio não é isolado: revela a face mais violenta e elitista do bolsonarismo catarinense, que se enraíza nas práticas institucionais e no discurso público de seus representantes.

Santa Catarina, assim, se torna palco não apenas da disputa pelo controle político do estado, mas também da batalha pela paternidade do bolsonarismo — uma disputa que, em essência, serve aos mesmos interesses da burguesia e da extrema direita, contra os direitos do povo e contra a soberania nacional.


Economia de Santa Catarina cresce, mas população mais pobre quase não sente os efeitos


A economia catarinense avançou 6,1% entre janeiro e junho de 2025, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (27) pelo Banco Central. O resultado, medido pelo Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR), coloca o estado entre os líderes nacionais, ao lado do Paraná, e bem acima da média brasileira, que registrou crescimento de 3,2% no mesmo período.

Apesar do desempenho expressivo, esse avanço pouco se reflete em políticas públicas capazes de melhorar a vida da população mais vulnerável. Áreas essenciais como saúde, educação e assistência social seguem marcadas por graves carências, enquanto os principais beneficiados pelo crescimento continuam sendo grandes empresas e grupos econômicos — perpetuando desigualdades históricas.


Três setores centrais da economia estadual — indústria, comércio e serviços — superaram a média nacional. O comércio cresceu 6,2% (contra 1,8% no país), os serviços avançaram 4,6% (2,5% no Brasil) e a indústria teve alta de 4,4%, mais que o dobro do resultado nacional de 1,2%.

Na agricultura, a safra 2024/2025 consolidou o bom momento do setor, com um salto de 20,7% no volume total produzido. O estado colheu 7,85 milhões de toneladas de grãos, superando com folga as 6,5 milhões do ciclo anterior. Em 2024, o agronegócio respondeu por 65% das exportações catarinenses, que atingiram US$ 7,57 bilhões, tendo a China como principal destino. O Valor de Produção Agropecuária (VPA) estadual somou R$ 63,7 bilhões, apesar de uma leve retração de 0,5% em relação ao ano anterior, influenciada pela queda nos preços de commodities como milho e soja, além da frustração em culturas como a maçã.


Mesmo diante de números robustos, a realidade para famílias de baixa renda pouco mudou: os serviços públicos seguem precários e a concentração de riqueza permanece elevada.


O cenário externo também impõe desafios. O aumento de 50% nas tarifas sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos atinge ao menos 98 municípios catarinenses, segundo dados da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) referentes a junho. Entre os maiores exportadores estão Jaraguá do Sul, Joinville, Caçador, Blumenau e Lages, que juntos respondem por mais da metade dos R$ 144,81 milhões enviados ao mercado americano.


Jaraguá do Sul, sede da multinacional WEG, lidera as exportações com R$ 18,85 milhões, sobretudo em equipamentos elétricos, como motores (R$ 16,1 milhões) e transformadores (R$ 1,01 milhão). Joinville se destaca na produção de máquinas, peças automotivas e equipamentos industriais, somando R$ 16,47 milhões em vendas. Já Caçador, no Meio-Oeste, exporta R$ 15,82 milhões em madeira e móveis; Lages, na Serra, também tem forte participação nesse setor.


O contraste é evidente: enquanto a economia de Santa Catarina exibe um ritmo acelerado, a ausência de políticas estruturais para reduzir desigualdades reforça um modelo econômico que privilegia os mais ricos.


É momento de apostar na unidade e na mobilização popular


O governo Lula deve preservar a mais ampla unidade para enfrentar a ameaça de Trump, sem abrir mão do combate político e da mobilização popular contra a chantagem imperialista e a extrema direita.

Na luta contra a agressão imperialista, aliados da burguesia são importantes, mas não confiáveis e podem vacilar. Por isso, é fundamental que o povo brasileiro seja chamado à ação: trabalhadores e juventude em movimento são quem podem fornecer a base sólida de apoio a Lula.


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Nesse contexto, a atuação da frente única de esquerda no Brasil e em Santa Catarina é de extrema importância. Movimentos sociais, sindicatos e partidos de esquerda devem articular um processo unificado de mobilização popular, mantendo a ofensiva nas redes sociais e ocupando as ruas.

O bolsonarismo sai às ruas defendendo seu líder e erguendo bandeiras norte-americanas. Não se deve subestimar sua capacidade de mobilização e influência política e social. A esquerda precisa responder com força, ocupando as ruas e dialogando com o povo.


As frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, junto às centrais sindicais, estão convocando atos para o dia 7 de setembro, no marco do Grito dos Excluídos. Este é um momento decisivo para defender a soberania nacional e a casa comum do povo brasileiro. Nesse sentido, o PSOL precisa assumir a vanguarda em Santa Catarina, erguendo com firmeza as bandeiras em defesa do nosso povo e reafirmando seu compromisso com a luta popular.


É hora de dialogar com a população brasileira e catarinense, isolar a extrema direita e fortalecer a contra-ofensiva anti-imperialista e popular. Em Santa Catarina, é imprescindível construir uma frente de esquerda unida entre os partidos, pavimentando uma alternativa capaz de dialogar com a população. O vácuo deixado pela esquerda precisa ser preenchido — a direita já tem suas alternativas, como Jorginho e João Rodrigues. Por isso: é tempo de Afrânio, é tempo de PSOL — unir o partido e avançar na unidade do nosso campo político.


Assinam:

Gabriel Angelo – Executiva estadual

João Lima – Presidente do Diretório Municipal de Chapecó

Mariana Sartor – Presidenta do Diretório Municipal de Criciúma

Sergio Moura – Membro do Diretório Estadual


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