Transporte público em Joinville: entre a promessa do NOVO e a prática do deixar tudo como está
- atendimentopsol
- 9 de out.
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Por Mario Dutra, presidente do PSOL Joinville.
Nos últimos dias, o transporte coletivo de Joinville voltou ao centro do debate público — e não por boas razões. A denúncia de motoristas da empresa Transtusa sobre falhas mecânicas graves, especialmente nos freios dos ônibus, escancarou o estado de sucateamento da frota. A resposta da empresa? Demissão sumária dos trabalhadores que se recusaram, com razão, a colocar vidas em risco. A resposta da prefeitura? Silêncio e omissão.
Esse episódio não é isolado. Ele revela um padrão preocupante: a negligência com a segurança, a precarização das condições de trabalho e a falta de transparência na gestão do transporte público coletivo. A demissão dos motoristas que agiram com responsabilidade é um sintoma de um sistema que está fadado ao fracasso se tudo continuar como está.
Licitação atrasada e promessas não cumpridas
O processo licitatório para o transporte coletivo, que se arrasta desde 2021, acaba de sofrer mais um revés. O Tribunal de Contas do Estado devolveu à Prefeitura de Joinville a documentação com uma série de apontamentos técnicos, exigindo correções que deveriam ter sido previstas por uma gestão que se autoproclama eficiente e tecnicamente preparada.

A ausência de dados contábeis, cronogramas de renovação da frota, fórmulas de reajuste e indicadores de impacto financeiro não é apenas um erro técnico — é um reflexo da falta de compromisso com a transparência e com a melhoria do serviço. A gestão do prefeito Adriano Silva, do partido NOVO, que prometia inovação e eficiência, parece ter se perdido em documentos e planilhas mal resolvidas e decisões que não enfrentam os reais problemas da mobilidade urbana.
Licitação para manter tudo como está?
A proposta da prefeitura não apresenta mudanças estruturais no sistema de transporte público coletivo. Um exemplo é o modelo de remuneração das empresas: ao manter o pagamento por passageiro transportado, ignora alternativas mais justas e eficazes, como a remuneração por quilômetro rodado — modelo adotado por diversas cidades que buscam garantir oferta adequada de transporte, mesmo em horários e regiões de menor demanda.
Além disso, a ausência de qualquer menção à Tarifa Zero como possibilidade reforça a impressão de que não há, de fato, nenhum compromisso com inovação. Hoje, 138 cidades brasileiras já operam com Tarifa Zero, beneficiando cerca de 8 milhões de pessoas. Essa política, especialmente no pós-pandemia, tem se mostrado eficaz para combater a queda no número de usuários — um problema que Joinville conhece bem, com uma redução de 35% nos últimos 20 anos.
Joinville pode mais
Joinville tem potencial para ser referência em inovação e mobilidade urbana. Mas para isso, é preciso romper com modelos ultrapassados e enfrentar os desafios com propostas ousadas e eficazes. A Tarifa Zero não é utopia — é uma realidade em expansão que poderia devolver eficácia ao transporte público e torná-lo novamente atrativo para a população. Mais do que isso, a Tarifa Zero é uma política de justiça social e absolutamente necessária para o enfrentamento da justiça social, ao permitir que a população privilegie o transporte coletivo ao invés do individual.
Chega de maquiar o velho. Se queremos uma cidade do futuro, precisamos de políticas que olhem nesse caminho: um transporte público acessível para todos, seguro e verdadeiramente coletivo.
Tarifa Zero já!




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